Carnaval em Torres Vedras
HISTÓRIA DO CARNAVAL EM TORRES VEDRAS!!! O Carnaval de Torres Vedras é um acontecimento enraizado na identidade cultural e social desta cidade.
A primeira referência ao Carnaval de Torres data do tempo de D. Sebastião, num documento datado de 1574, no qual um morador da Vila de Torres Vedras apresenta uma queixa contra “uns moços folgando com um galo dia de Entrudo trazendo rodelas, espadas, paus como custumam o tal dia”.
Em meados de 1862 realiza-se na Igreja de S. Pedro o jubileu de 40 horas, nos três dias de Carnaval. Mas novas referências ao Carnaval de Torres só a partir de 1885, com a edição do primeiro jornal local. Durante muitos anos o Carnaval limitou-se aos bailes e récitas nas colectividades e em casas particulares, quase sem animação de rua.
Entretanto, começam a surgir, no início do século XX, alguns apontamentos de sátira política, uma característica que marcaria para sempre o Carnaval de Torres. Foi, no entanto, com o advento da República que o Carnaval de rua começou a adquirir maior animação.
Nos anos 20, o Carnaval de Torres conheceu o verdadeiro arranque, com a formação de uma comissão para organizar mais a sério os festejos de rua.
Os Reis do Carnaval, que surgiram por volta de 1925, e as “matrafonas”, que apareceram talvez em 1926, marcaram em definitivo a história do Carnaval desta cidade.
Em 1931 a Avenida 5 de Outubro conheceu a primeira Batalha de Flores e os carros alegóricos, tendo participado nessa manifestação mais de 3000 pessoas.
Foi a partir de 1960 que o Carnaval de Torres começou a realizar-se regularmente, voltando a demarcar-se dos então existentes pelas suas características únicas. O Carnaval foi-se assumindo cada vez mais como um Carnaval popular e de massas, marcando a diferença em relação aos Carnavais urbanos da época. Prova disso foi a realização do 1.º passeio “auto-trapalhão”, em 1971, onde os participantes tinham de ir mascarados.
A partir de 1980, o Carnaval de Torres profissionaliza-se e cresce ano após ano, rejeitando figurinos externos e assumindo-se como o mais “Português de Portugal”.
O Carnaval de Torres Vedras, mantém a fidelidade às tradições do Entrudo português, por isso, reclama ser o "mais português de Portugal" e caracteriza-se pela participação espontânea dos cidadãos, mesmo nos Corsos organizados. Como afirma um estudioso da etnografia, essa participação "é desejada para a animação do desfile e assim vemos os mais variados foliões nos espaços entre os carros, fazendo a sua festa, exibindo as suas máscaras, pregando as suas partidas, enquanto simples curiosos, mesmo à paisana, podem ir ao lado dos mascarados"
A forte carga satírica aos costumes, com uma grande componente de ironia política e social, assumindo, na Tradição do Entrudo português, um palco para a crítica aos "desconcertos do mundo" de tradição popular, é uma das imagens de marca do Carnaval torriense. Esta fidelidade à matriz cultural do Entrudo português, traduz-se na arruada, na presença de Zés Pereiras e Cabeçudos, nas "matrafonas", no “Enterro do Entrudo”, e em muitas outras manifestações que fazem com que o Carnaval de Torres se reclame, justamente, desde há longos anos, o "Carnaval mais português de Portugal". Mais: é, actualmente, provavelmente, o único Carnaval português de Portugal, assumindo-se como uma forma de resistência à aculturação e de defesa do património cultural nacional.